Esfoliantes ácidos para o rosto: vantagens e perigos
Os produtos de cuidado com a pele estão em alta com os consumidores. Mas quais são os riscos de usar esfoliante ácido sem orientação profissional?
As pesquisas por esfoliantes ácidos para o rosto dispararam nas redes sociais no ano passado. O produto é indicado há tempos pelos dermatologistas, e promove a renovação das células da pele. Atua diretamente no tratamento de manchas, flacidez e rugas, mas seu uso exige cuidados. Existem relatos de reações negativas na pele. É o caso de Aurora Garcia, de 20 anos, que decidiu utilizar esfoliante ácido após ver relatos em suas redes e acabou desenvolvendo impetigo (infecção bacteriana superficial da pele). Afinal, esfoliantes ácidos são os melhores?
O que são esfoliantes ácidos e quais os seus tipos?
Os esfoliantes ácidos são uma das opções para a renovação das células da pele bastante conhecida por médicos da área. Possuem pH menor que 7 e são considerados esfoliantes químicos (ou seja, não possuem aqueles granuladinhos aos quais estamos acostumados de esfoliantes físicos faciais), acelerando o processo natural de renovação da camada mais superficial da pele por meio da descamação. Essa remoção da superfície, juntamente com a penetração do ácido, causa uma reação inflamatória que colabora para a síntese de colágeno e para a reparação dos tecidos, deixando a pela com mais maciez, brilho e viço.
Existem vários tipos de ácidos, para diferentes finalidades, que variam na intensidade de penetração na pele. “O ácido glicólico é muito usado para rejuvenescimento, renovação celular e clareamento. O acido salicílico, para peles com acne e oleosidade. O mandélico, para peles manchadas e oleosas. O ácido lático, para renovação celular, rejuvenescimento e peles acneicas”, afirma a dermatologista Natasha Crepaldi.
A intensidade da penetração na pele depende de suas estruturas moleculares. Quanto maior for, mais “suave” será o efeito em contato com a pele. “Se você tem uma pele super sensível, um ácido mandélico pode ser a melhor opção para você. Ele possui uma estrutura molecular maior do que as de outros ácidos, como glicólico e salicílico, e por isso não penetra tão profundamente”, explica o dermatologista André Braz.
“Já o ácido glicólico é uma das menores moléculas da família dos alfa hidroxiácidos. Na prática, isso significa que é solúvel em água e penetra profundamente na pele. Trata-se de uma fórmula de alto impacto, excelente para agir contra o envelhecimento da pele e a acne. O ácido lático é de origem animal, e sua principal função é esfoliante, ou seja, remove as células mortas, promovendo uma pele mais lisa e jovem. Quando falamos dele, saiba que tem peso molecular intermediário, o que significa que não penetra tão profundamente nas camadas da pele. Ainda tem a capacidade umectante, retém moléculas de água – e é indicado para uma pele mista, por exemplo”, afirma o profissional. “Já o ácido salicílico é um beta hidroxiácido de ação queratolítica e anti-inflamatória. Em termos simples, promove uma esfoliação suave e a redução do processo inflamatório (causa descamação suave na pele), auxilia na diminuição da produção de sebo, diminui as imperfeições da acne, desobstrui os poros, melhora a textura da pele e é indicado para peles oleosas e acneicas.”
Benefícios do esfoliante ácido e como usar
Você pode estar se perguntando como fazer para obter esses produtos. O esfoliante ácido precisa ser indicado pelo médico, após uma avaliação. “Esfoliantes não são indicados para todos os tipos de pele, pois peles secas e sensíveis sofrem com a remoção da superfície da barreira cutânea provocada pelos esfoliantes. Portanto, além de avaliar o tipo de pele, o dermatologista deve analisar os hábitos e rotina do paciente, para indicar ou não esfoliantes, e, se indicar, dizer qual a melhor opção frente ao diagnóstico”, diz a doutora Crepaldi.
Além disso, cada ácido tem o período do dia certo para ser aplicado. Alguns, como o retinóico, precisam ser usados à noite, por conta do sol. Já o ácido hialurônico pode ser usado de dia, mas sempre com protetor solar, e evitando a exposição direta aos raios de sol. O produto não se deve ser aplicado diariamente, “O ideal é começar usando uma vez na semana e ir aumentando para até, no máximo, três vezes durante a semana, e sempre se atentando a qualquer sinal de reação na pele”, aconselha a dermatologista Priscila Camara de Camargo. “Se usado corretamente e sem nenhum dano à pele, com o uso por três vezes na semana, pode seguir o tratamento por até três meses seguidos.”
A doutora Bomi Hong, dermatologista, explica que, diferentemente dos esfoliantes físicos, que precisam ser esfregados na pele em movimentos circulares, os esfoliantes ácidos são apenas aplicados sobre a pele. É como se fosse passar um creme para permanecer por certo tempo até agir e ser removido com produtos de higienização.
E os riscos da esfoliação com ácido?
Vale lembrar: é importante consultar um dermatologista antes de utilizar a esfoliação ácida por diversos motivos, e um deles é a característica do seu tipo de pele. Apesar dos diversos benefícios, esses ácidos poderosos podem acabar irritando a pele mais do que ajudando. “Os esfoliantes ácidos podem, se usados de forma inadequada, agredir a barreira da pele, causando irritação e inflamação. Esses dois fenômenos podem ‘queimar’ a pele, e, se não tratados adequadamente, podem provocar manchas e até cicatrizes”, alerta a doutora Hong.
“O ácido retinóico pode causar má formação fetal. Mulheres grávidas ou que pensam engravidar não podem usar esse ácido de forma alguma”, informa a dermatologista Ana Carolina Sumam “Algumas substâncias são classificadas como teratogênicas, e podem causar má formação durante a embriogênese, como o ácido retinóico.”
Durante o uso do esfoliante ácido, o uso do protetor solar deve ser uma preocupação permanente. Alguns ácidos podem deixar a pele mais sensível ao sol e suscetível a manchas. “Por exemplo, a paciente pode estar tratando uma mancha com o ácido para clarear. Se não tomar cuidados, pode causar um dano permanente, piorando a mancha”, explica a doutora Sumam. “A recomendação do filtro solar é válida também para usar em casa, pois não é só a luz solar ou o calor que afetam a pele, mas a luz azul de eletroeletrônicos, como o computador ou o celular, podem contribuir para fazer surgirem manchas na pele, principalmente de quem faz tratamento com ácidos.”
Se você costuma aproveitar bem o verão, expondo-se ao sol por várias horas, os dermatologistas não indicam escolher essa fase do ano para começar a esfoliação com ácido. Mas isso varia de pessoa para pessoa. Se você se banhar com a luz solar de maneira equilibrada ou mínima, provavelmente o tratamento não trará problemas.
Não se esqueça de consultar um profissional antes de utilizar esses produtos!
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*As informações e valores dos produtos se referem ao momento de publicação desta matéria.